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sábado, 5 de fevereiro de 2011

O polvo estava no seu buraco à espreita - poço sem fundo 4



EM BRASILEIRO

Muito bom dia de sábado amigas e amigos leitores!

Revendo agora mesmo o vídeo que selecionei pra vocês e publiquei no último post desta série, lembrei fatalmente do famoso episódio do polvo atacando Gilliatt em OS TRABALHADORES DO MAR de Victor Hugo.
Acreditem se quiserem, mas o relato de Victor Hugo, feito só de letras pretas sobre papel branco é mil vezes mais emocionante que essas imagens em movimento, apesar da voz enfática do narrador, dos efeitos sonoros e da reconstituição em 3D.
Releiam um trecho do texto hugoliano, traduzido pelo grande Machado de Assis aos 20 anos. A lamentar só fato de Machado não ter reescrito sua tradução de OS TRABALHADORES DO MAR na mesma idade em que Victor Hugo escreveu o original.


OUTRA FORMA DE COMBATE NO ABISMO

Quando Gilliatt, entrando pela segunda vez na caverna, em busca do caranguejo, viu o buraco onde pensou que o caranguejo se tivesse refugiado, o polvo estava no seu buraco à espreita. Pode-se imaginar esta espera? Nenhum pássaro ousaria chocar, nenhum Ovo ousaria abrir, nenhuma flor ousaria desabrochar, nenhum seio ousaria aleitar, nenhum coração ousaria amar, nenhum espírito ousaria voar, se pensasse
nas sinistras emboscadas do abismo.
Gilliatt metera o braço no buraco, o polvo agarrou-o.
Gilliatt estava preso.
Era a mosca daquela aranha.
Gilliatt tinha água até a cintura, os pés agarrados nos seixos arredondados e resvaladiços, com o braço direito atado pelas correias do polvo, e o tronco do corpo desaparecendo quase debaixo das dobras e cruzamentos daquela atadura horrível. Dos oitos braços do polvo, três aderiam à rocha, cinco aderiam a
Gilliatt. Deste modo agarrados ao granito por um lado e ao homem pelo outro, encadeavam Gilliatt ao rochedo. Gilliatt tinha em si 250 chupadores. Complicação de angústia e de enjôo. Estava aperta-
do dentro de uma grande mão, cujos dedos elásticos e do comprimento de 1 metro, são inteiramente cheios de pústulas vivas que lhe fuçavam na carne.


EM FRANCÊS

AUTRE FORME DU COMBAT DANS LE GOUFFRE

Quand Gilliatt, entrant pour la seconde fois dans cette cave à la poursuite du crabe, avait aperçu la crevasse il avait pensé que le crabe se réfugiait, la pieuvre était dans ce trou, auguet.
Se figure-t-on cette attente ?  Pas un oiseau n'oserait couver, pas un n'oserait éclore, pas une fleur n'oserait s'ouvrir, pas un sein n'oserait allaiter, pas un n'oserait aimer, pas un esprit n'oserait s'envoler, si l'on songeait aux sinistres patiences embusquées dans l'abîme.
Gilliatt avait enfoncé son bras dans le trou; la pieuvre l'avait happé. Elle le tenait. Il était la mouche de cette araignée. Gilliatt était dans l'eau jusqu'à la ceinture, les pieds crispés sur la rondeur des galets
glissants, le bras droit étreint et assujetti par les enroulements plats des courroies de la pieuvre, et le torse disparaissant presque sous les replis et les croisements de ce bandage horrible. Des huit bras de la pieuvre, trois adhéraient a Gilliatt. De cette façon, cramponnée d'un côté au granit, de l'autre à l'homme, elle enchaînait Gitliatt au rocher. Gilliatt avait sur lui deux cent cinquante suçoirs. Complication d'angoisse et de
dégoût. Être serré dans un poing démesuré dont les doigts élastiques, longs de prèe d'un mètre, sont intérieurement pleins de pustules vivantes qui vous fouillent la chair. 

2 comentários:

  1. Boa lembrança, esta na hora de reler Trabalhadores do Mar.

    Um abraço

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  2. Não pode imaginar o quanto gosto desse livro amigo Celso.
    Foi ele que me fez começar a gostar da divina MAR de verdade.
    Problema é que ao mesmo tempo que ele fascina também apavora.
    Eu costumo dizer que não tenho medo da MAR, mas de certas coisas que Victor Hugo escreveu sobre a MAR.
    O capítulo "Os ventos do largo" é de matar de medo.
    Quando fui surpreendido com a entrada de um violento SW, com as velas da Estrela em cima, nas proximidades das nervosas ilhas Emerências, lembrar de OS TRABALHADORES DO MAR, apavorou-me mais que a realidade.
    Seja como for, adoro esse livro, um verdadeiro tratado sobre a MAR, que é sempre muito bom reler.
    Vou lhe pedir uma coisa importante.
    Anote seus extratos prediletos durante a releitura de OS TRABALHADORES DO MAR e mande-os pra mim. Os meus, eu tenho publicado, sempre ilustrados, aqui neste blog, na rubrica "dupla de sushi", série TM de "Os Trabalhadores da MAR". Não sei se você já percebeu?
    O último foi o TM 13.
    http://estreladalvacabofrio.blogspot.com/2011/02/tm-13-dupla-de-sushi.html

    Grande abraço e bons ventos!

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